sábado, 14 de março de 2009

No fim da estrada

Esta, não saiu de mim, mas veio para mim.
Esta, foi-me expirada por ela, que me inspira.
Era como se ela me dissesse:

- "
A Paz! Eu preciso de paz!
Para onde vou? Por onde ando? Por que me enterro?
Por que me deixo estancar e meus pés criarem raízes?
Por onde fui? O que virei? No que me tornei?
Onde fui parar?...


Eu vim, caminhando assim perdida,
vim parar na beira do cais,
onde a estrada chegou ao fim
- não mais por onde seguir! -,
onde o mar (e a força das ondas impostas pela vida)
arrebenta em mim
o lamento de tantos 'ais'...
meus próprios 'ais' e os 'ais' dos outros que me cercam,
como o mar.
Mas descobri cor, ali no cais,

onde o fim da tarde é lilás.

Daí, eu pensei em mim...
Eu pensei em ti...
Eu chorei por nós!
Não tinha mais mais minha vida...
Vivi tua vida, teu mundo...
Tu eras feliz, eu não...
Esta não é a vida que eu quero...
Quero resgatar minha vida...
Mas tempo não volta atrás...


Que contradição imaginar que
só a guerra faz
nosso amor em paz...
Depende do que chamar de 'guerra'
e do que significa 'paz' e para quem.

Então,
a Paz
invadiu o meu coração.
De repente me encheu de paz,
como se o vento de um tufão
arrancasse meus pés do chão,
onde eu já não me enterro mais...
Me sinto livre, raízes soltas,
para buscar minha vida própria.


A Paz
fez o mar da revolução
invadir meu destino.
O mesmo mar revolto em ondas de lamentos e 'ais'
que me arrebentam ao se arrebentarem em mim,
de tanto bater elas entraram e
me fizeram me deixar levar pelo destino,
me fizeram ver que meu destino pode ser levado,
me levaram a ver novamente que posso fazer meu destino,
que meu destino é me refazer e retomar minha evolução.


A Paz,
como aquela grande explosão
de uma bomba sobre o Japão
que fez nascer o Japão na paz...
Uma tremenda destruição, tudo arrasado.
Nada sobrou em pé, um vazio devastado,
sem vida, só lembranças de uma vida passada.
Assim como o palco japonês que restou da hecatombe nuclear,
meu coração chorava por vidas que não poderei mais experimentar,
e em meio a desolação, desespero e depressão profunda,
um 'Eu' sobrevivente retoma sua caminhada, em paz.

Sob esta nova perspectiva,

eu pensei em mim,
eu pensei em ti,
eu chorei por nós!
É preciso uma separação, uma fissão atômica,
uma guerra para sair desta condição de inércia.
É uma
contradição que
só a guerra faça
Nosso amor em paz...
Nem que seja uma guerra que só eu declare
em nome de nossa paz,
assim como eu a vejo.

E foi aqui onde
eu vim,
na beira do cais onde eu vim parar,
onde a estrada chegou ao fim
(para mim, pelo menos),
onde tudo parecia chegar ao fim,
o fim de tudo, até do dia.
Foi ali naquele Porto, no fim do dia,
é que eu pode perceber e aceitar
que
o fim da tarde é lilás!
Foi onde eu pedi que o mar arrebentasse em mim
aquele lamento de tantos 'ais' que eu trazia comigo...
Não foi o mar que me invadiu para me dar paz.
Foi
a Paz!
Invadiu o meu coração!
A Paz!
Fez o mar da revolução! "


Melodia:
A Paz
(com Zizi Possi)

Letra:
http://letras.terra.com.br/zizi-possi/49437

Música:
Zizi Possi - A paz (Clip) (3:36)


A Paz - Zizi Possi 3:43



14 comentários:

Astrid disse...

... e assim vamos navegando no manto azul dos nossos frágeis sonhos e ao sabor da vela branca que nos recorda que não vale a pena acusar o mar pelos sucessivos naufrágios. Navegar, afinal, é ainda é preciso...
André, este teu texto merece um curta metragem. Já pensaste nisso? Abreijos @-----;-----

gabyshiffer disse...

Olá,
Obrigada pela visita no meu
gostei muito do seu por isso vou te linkar
E quanto ao Nietzsche nessa frase:

"Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar para atravessar o rio da vida - ninguém, exceto tu, só tu.
Existem, por certo, atalhos sem números, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio; mas isso te custaria a tua própria pessoa; tu te hipotecarias e te perderias.
Existe no mundo um único caminho por onde só tu podes passar.
Onde leva? Não perguntes, segue-o. "

acredito que ele esteja falando sobre a nossa decisão, quanto ao nosso destino, que as nossas escolhas devem ser próprias e que só assim seremos nós mesmos e não fruto do meio ou de desejam que sejamos.
E nada tem a ver com ele ter morrido sozinho ou não ter tido quem amar...
E o fato dele ter morido louco, bem
hoje em dia existem muitos nomes pra loucura...
bi polaridade por ex é uma delas...
distúrbio...é outro
sindrome do pânico pra explicar outros atos de demência...
e etc
E no tempo em que ele viveu...
como era?
Qualquer um que não se enquadrasse aos moldes era chamado de louco...
mas mesmo que ele tenha sido, te digo que os maiores inventores, poetas, músicos,pintores foram chamados de loucos
Bem, loucuras a parte
o fato é que eu gosto da obra dele, do que ele escreveu...
Simples assim
...
Linda essa música que você postou
Boa noite pra vc
Bom começo de semana
:)

- Moisés Correia - disse...

Tocavam os raios ensolarados e madrugadores
Nas vastas planícies, terras por conquistar…
Do chão brotavam vidas e esperanças de amores
Colhidas por ninfas ao som de flautas, a dançar

Mas nessas terras, também corriam ventos de tirania
Trazidas por lordes e senhores de um Rei ditador…
Cobrando liberdade a um povo que por ela ardia
Forçados às leis impostas pelas espadas, suor e dor

Um resto de uma agradável semana!

Bem-haja!

O eterno abraço…

-MANZAS-

Leticia disse...

André só hoje li teu comentário lá no MDMV ...peninha!

Amei isso aqui ... vc melhorou a idéia , o texto recortado ficou ótimo!

Paulo Tamburro disse...

Mandou ver legal, amigão.

~*Rebeca*~ disse...

Adorei!

Lilian Pavan disse...

Olá André, obrigada pela visita lá no blog.

Nossa! Está canção é show de bola, né! Faz tempo que não ouviu!

bjks

Anônimo disse...

Parabéns pela criatividade...
Nossa quanto tempo fazia que eu não ouvia essa música!
Gostei de ouvir!

Beijos!

Lu

Ah, parabéns pelo blog!

Astrid disse...

Olá André,

Na campanha publicitária, reparaste que os closes são em negros??? Pois, é! Ah, pois é!!! Parece até que o "alvo" da campanha é a população negra... Enquanto imperar a filosofia de que há uma raça inferior e outra superior ... ;)
Abreijos!!!

Astrid disse...

André,

Boa! Só que este teu tom professoral só falhou em omitir a famosa alternativa D (a famosa NDA)... lol

Porta-te mal e vai atrás de alguma coelhinha ou coelhinho porque meu pensamento e julgamento em termos de opções sexuais (pelos vistos) não pode ser reducionista... (aliás nunca foi e olha que não sou mulatinha ou café com leite como tu "bem" referiste... ;)

Beijão e aperto forte!

Astrid disse...

Ui, estes comentários estão tão bons como dinheiro achado em plena crise... André, seguinte: se vieres a Portugal nós e os tugas teremos o prazer! (oh yes!) de te ensinar o que é portar-se mal :))))) Quanto ao restante do post, coma uma feijoada, tome umas caipirinhas, ouça um pagode (pode ser Dicró que eu gosto bastante) e depois agarre tudo e todos/as de 2, 4, 6 ou 12 patas :)))(nunca se sabe, né meu bem...)
Mas não esquece de botar a nega no seguro...
..."Vagabundo é bicho mal você sabe como é
Ricardão aí é mato por isso me preveni
Minha nega não me engana
Mas se vacilar o seguro taí
Botei minha nega no seguro
E nunca mais vou ficar duro
Eu juro botei minha nega no seguro"...
;)
E porta-te mal que esta vida são só 2 dias e ainda estamos no início do 1º...
Abreijos e porta-te mal...

Astrid disse...

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FELIZ PÁSCOA!!!

ABREIJOS E APERTO FORTE!!!

Astrid disse...

André, mon cher ami,
...Une "nouvelle" liberté, égalité, fraternité avec élégance...
Bisous

Vivian disse...

...será que quando escrevemos
sobre a paz, estamos preparados
para a guerra?

será que falar de paz,
é realmente sentir a paz?

pensemos...

bj