domingo, 6 de março de 2011

Um? Talvez, mas aos pedaços


De vivido assim dividido em meias dúvidas,
buscando saber quem eu sou, por inteiro eu sei:
metade de mim SOU,
a outra metade NÃO SEI.


Então,


Que a força do medo que tenho
não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso
mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste,
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
a outra metade eu não sei o que serei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
e a outra metade, também."


Melodia:
Metade
(com Oswaldo Montenegro)

Letra:
http://letras.terra.com.br/oswaldo-montenegro/72954/

Música:
Oswaldo Montenegro - Metade - 3:09
http://www.youtube.com/watch?v=GLkQMFVg8V8